domingo, 25 de setembro de 2011

Apartheid

Como vocês sabem, apartheid é uma palavra de origem afro, que se internacionalizou, caracterizando vida separada, segregação.

Sempre convivemos com apartheid em diversas situações, mas o ponto máximo aconteceu na África do Sul, onde foi oficializada. Nelson Mandela levantou bem alto a bandeira da liberdade, abandonou por um tempo sua advocacia e foi à luta contra a apartheid do seu povo, povo oprimido, preso em preconceito dentro de uma cruel e lamentável segregação racial.

Ele cumpriu 28 anos de prisão por defender a quebra de algemas que tanto amargurava seus irmãos, amargura em forma de angústia moral, de auto-estima baixa, por ter nascido com a pele negra...

Nelson sabia perfeitamente que armas são insuficientes, elas não conseguem matar um ideal, principalmente quando o ideal é um bem coletivo.

Não cansaremos de levantar e aplaudir Nelson Mandela pela sua coragem, determinação e nobreza de alma!

Nós ainda vivemos a apartheid nossa de cada dia, não oficializada, nos subterrâneos da sociedade, velada, oculta e silenciosa, o que é profundamente triste. Precisamos de fé, paciência, conscientização e muito amor para retirar do caminho pedras tão pesadas, que obstruem sonhos e esperanças de todos nós andarilhos.

Mesmo existindo legislação coibindo, o preconceito em relação à raça negra é muito forte, em todos os países, em todos os lugares, inclusive entre os negros!

Por incrível que pareça, existe uma apartheid camuflada em relação à idade das pessoas.

Muitos jovens acham que o idoso é portador de alguma enfermidade contagiosa, esquecem de que, ontem, foram jovens e que as rugas que surgiram nada mais são do que medalhas de honra.

Uma segregação que acontece a todos os instantes, também em todos os lugares é em relação a situação financeira. As pessoas se separam umas das outras de acordo com a quantidade de moedas que guardaram em seus cofrinhos.

Situação financeira saudável é interessante para podermos viver dignamente. Mas, não deve ser instrumento de apartheid. O dinheiro não para de circular, ele salta de mãos em mãos. Amanhã, você pode estar numa posição alternada...

Estas situações e outras tantas acontecem conosco, diariamente, na sociedade, na escola, no espaço religioso, no trabalho, enfim em todos os lugares onde necessitamos fazer pontes, manter um bom nível interativo.

Precisamos vestir de Nelson Mandela para quebrar estes muros tão altos!

A humanidade é nossa família maior. Ela deve ser como uma teia de aranhas, cujos fios são a fraternidade, que é a ponte por onde todos devem transitar...

Por alguns instantes, precisamos usar a capa dos andarilhos, dos famintos que perambulam pelas ruas, dos presidiários, dos que estão finalizando os dias em algum hospital, por todos aqueles que sentiram seus sonhos desfeitos, precisamos usar a capa de todos os que sofrem, somente assim, conheceremos a dor do mundo. Deus agoniza, Deus chora todas as dores. Vamos secar algumas destas lágrimas, vamos abrir algumas portas das segregações...

Você pode ficar meio perplexo ao ler que Deus chora nossas lágrimas. Sim, ele é a vida, a vida que está em nós. Ele sorri nossas alegrias. Ele chora nossos fracassos. Ele nunca esteve ausente.

Em suas noites sombrias onde você pergunta, num desabafo, onde está você, Deus de todos os desgraçados... ouve o silêncio como resposta. Ao amanhecer o dia, você vê somente duas pegadas na areia, pegadas molhadas de lágrimas!

Não devemos ser insensíveis ao ponto de sermos indiferentes à dor do mundo!

De nada adianta você dizer que está bem, que sua família está bem, se seu vizinho está doente ou passa fome. Você não é e nunca foi uma ilha, mesmo querendo se ausentar do Continente por alguns momentos.

Uma segregação que tanto nos incomoda e nos faz sofrer, faz-nos cair em buracos escuros e profundos é quando perdemos nossa capacidade de sonhar, quando perdemos a fé e a esperança, quando colocamos uma apartheid em nós, bloqueando nossos caminhos, isolando-nos da vida, isolando-nos de Deus. Muitas e muitas vezes, somos a pedra no caminho. Precisamos sair para podermos passar...

Todos os políticos, todas as autoridades executivas, legislativas e judiciárias de todos os países deveriam saber de cor e salteado e colocar em prática, a Declaração universal dos direitos humanos. Esta mesma Declaração deveria ser tema obrigatório nas escolas e deveriam substituir tantos ensinamentos religiosos.

Não é difícil ler, são somente trinta artigos, pequenos artigos de grandes significados. Deixarei aqui com vocês somente o segundo...

“Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”

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