segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mistério da volta

Pensando na vida, lembrei-me de meu saudoso tio Néo, quem sátiras não fez e sim poemas a ela dedicou:

"Na morte que a muita gente apavora, eu não sei porque, acho explêndida poesia!
Conheço-a bem. É boa como anestesia para quem sofre, oportuna como a chave duma prisão,
confortante como sono para o corpo exausto.

Deixar de ser lagarta , ser borboleta para voejar por entre as flores que rodopiam no jardim do espaço! "

Sim, concordo contigo, tio Néo, há poesia na libertação. A morte a que tu referes é apenas a viagem da consciência , transcendência duma alma.

Prefiro chamar esta viagem de volta, volta ao Almo, ao Criador, de onde um dia, partimos para conhecer este Teu universo ignoto, misterioso e cheio de beleza.

Porém, nem todas voltas são iguais; umas acontecem qual decolagem suave, ao tempo certo, outras, em forma de turbulências, que nos assustam! Mas, sempre calmarias são anunciadas, num suspiro profundo de missão cumprida.

Devemos ser pacientes e amigos do tempo para que o regresso aconteça ao tempo certo e nunca num certo tempo...

Os retornos acontecem com o desaparecimento das formas, para que formas outras surjam, até amorfas encontrar e a consciência, sempre presente e vigilante, em mutações ora aqui ora acolá, ao sabor de teus aspectos, se desvanece em miríades multicores.

Quando chegamos, chegamos chorando e todos sorrindo. Quando voltamos, voltamos sorrindo e todos chorando. Quanto paradoxo!

Os sentimentos acompanhados de prantos, não são lágrimas carpideiras, e sim lágrimas deslisadas para atender aos apegos, apegos às ilusões dos sentidos, tão sentidas em almas jovens e prematuras.

Antes da travessia, acontecem desafios, que uns outros chamam de sofrimentos. Eles são importantes, robustecem almas e dão um sabor de vitória ao incansável viageiro.

Mas, quando este sofrimento, este desafio, é um calvário de dores, surge a voz divina: vinde a mim que eu vos aliviarei.

Outros ouvidos, de poetas olvidos em poemas sentidos, acolhem mensagens sem rima... se tua dor te consome, faze dela um poema! Ficando na alma o cautério duma viagem, transformado em poesia...

É o milagre da vida!
É o MISTÉRIO DA VOLTA ...

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