segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pontifex

Dizem as tradições religiosas que o maior Pontifex que esteve aqui conosco foi o nosso querido Jeshua Ben Pandira, natural de Belém ou se você preferir, Jesus de Nazaré. Belém é a cidade onde ele nasceu. Não devemos ignorar esta ponte tão importante.

É também do conhecimento das mesmas tradições que o filho de Myriam, nossa conhecida Maria, era considerado o Sumo Pontífice entre a Terra e o Céu, entre seus seguidores e o Eterno.

Todos somos Pontifex. Todos somos Pontífices, os construtores de pontes!

Construir pontes é muito importante, principalmente no momento em que estamos vivendo, neste agora, onde a cura se faz presente, muitas vezes em forma de turbulências e tempestades. Já podemos visualizar luz no final do túnel, pois estamos vivendo o final da noite, estamos sentindo a madrugada, e sempre há uma escuridão maior antes do Sol nascer...

Precisamos construir ou fortalecer as pontes que nos ligam com nossos pais, nossos irmãos, nosso consorte, enfim, com toda nossa família. A família deve ser nosso sagrado, sem ela não existe sociedade, ficamos à deriva, sem ela, ficamos sem bússola. As pontes que acontecem com a sociedade devem ser consideradas. A sociedade em que vivemos é nossa família ampliada. Somos parte de uma grande teia de aranhas, em forma de relacionamentos de toda espécie.

Relacionamentos com os vizinhos, com o colega de escola, com o aluno, com o amigo de infância, com o patrão, com os empregados, com todos, é essencial na vida do passageiro, enfim não existe interação sem antes a construção de pontes, sem antes existir você, um Pontifex.

Uma ponte fundamental na vida de todos é a religião. Religião significa ponte, significa religare você com o seu eu profundo. Esta ligação recebe o nome de ponte do arco-íris, no seio dos buscadores das antigas escolas de mistérios.

Se a ponte do arco-íris estiver bem fundamentada como uma ponte pênsil, com certeza, você se religou, é um ser desperto, um verdadeiro Pontífice, pronto para trazer o Céu à Terra, e ousamos a nos amar acima de todas as coisas e a Deus como a nós mesmos!

Ser desperto, ser ascensionado é quando o seu eu profundo passa a ser o timoneiro de sua vida!

E os animais, as árvores, os rios, toda a natureza? Eles precisam de pontes, nem que seja um viaduto. Infelizmente, na maioria das vezes, olhamos estas vidas, porém não as vemos nem enxergamos. Faltam-nos lentes cor de rosas. Faltam-nos pedreiros, construtores de pontes. Amanhã, sim amanhã, quem sabe... Sempre existe um nascer do Sol.

Infelizmente, é muito triste quando derrubamos pontes.

É tremendamente melancólico quando olhamos o vazio na outra margem, no outro lado da mesa, no outro lado da cama. Mais triste ainda do que derrubar pontes é construir muros, muitos deles chegam a parecer a Muralha da China!

Os muros nos tornam também indiferentes. A indiferença é a anulação do amor. A indiferença nos venda os olhos e deixamos de ver a vida. A indiferença mata os outros em nós, os outros deixam de existir. Isto é profundamente lamentável e deve ser modificado. O remédio chama-se pontes, viaduto, pontilhão, pinguela, seja qualquer a distância deste vão escuro...

Ao construir muros, nós nos tornamos verdadeiras ilhas, entramos no isolamento, nossos ouvidos deixam de funcionar, nossas vozes tornam-se inaudíveis...deixamos de nos comunicar conosco nos outros, sabendo-se que pela dimensão suprema, nós somos tudo e todos, somos as árvores, os animais. Não tem como ser diferente, pois se tirarmos o telhado, veremos que tudo é UM.

Todos nós precisamos vestir-nos de pelicano, nem que seja por um único momento, pois nunca mais seremos os mesmos, pois seu sangue já estará circulando em outros corações. O Pelicano representa a ponte sagrada. Representa a Eucaristia, onde oferece hóstia viva em forma de pão nosso de cada dia, em forma de fé e esperança. Fé e esperança são pernas que nos levam a continuar na estrada...

Atravessar a ponte é tão importante quanto construí-la. Requer coragem, requer entrega, é como beijar o chão com os joelhos!

Dê o primeiro passo, mostre o primeiro sorriso, dê o primeiro aceno. Quem estiver na outra margem poderá estar precisando desses sinais.

Viver é celebrar Deus na arte do relacionamento, na arte de construir pontes. O final da caminhada do viageiro sobre uma ponte é a sua dissolução na alma das pessoas.

Amar é dissolvermo-nos nos outros.

Isto não é utopia!

Aquele Deus que abriu o Mar Vermelho, dando licença para Moisés passar, aquele mesmo Deus que realizou tantos mistérios, deixou de viver como Deus. Ele se dissolveu por amor. Ele criou pontes e vive no coração de cada pessoa, de cada animal, no âmago de cada árvore...

Somente ganhamos quando perdemos... Dissolva-se no coração de sua família, no coração do amigo, do colega profissional. Dissolva-se no coração de sua amada. Dissolver-nos nos outros é a realização do amor supremo, é onde deixamos de ser construtores para ser a própria ponte!

Precisamos vestir aventais. Precisamos doar aventais. Não devemos interferir, devemos apenas colocar nosso avental à disposição de todos os passageiros.

Estradas, caminhos, trilhas, vielas, ruas, tudo por onde caminharmos, vamos encontrar viageiros, vamos encontrar pontes inacabadas, pontes destruídas, pontes a serem construídas.

Construa pontes em sua vida, amigo buscador. Destrua muros. Vamos deixar de ser ilhas solitárias, vamos ser um

Pontifex!

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