sábado, 24 de setembro de 2011

Confiteor

O filho da santa Mônica, maior referência sobre confissões no âmbito religioso, o filósofo e santo católico Agostinho deixou um legado muito interesse ao se confessar em público sobre sua vida e as fortes mudanças que ocorreram durante os 76 anos em que passou aqui, em nossa companhia, no ano 354.

Agostinho é o símbolo de idéias interessantes, idéias de um verdadeiro desperto.

Um fato marcante sobre a sua vida é que ele foi clarividente. Em certo momento, apareceu a ele uma criança espiritual, cantando... Tolle, lege, Tolle, lege - pegue e leia, pegue e leia. Foi quando ele mudou de estrada, começou a ler sua vida e recitar ao mundo o seu famoso Confiteor!

Mais cedo ou mais tarde, todos nós deveremos mostrar nosso Confiteor, nossa Confissão...

Não acredito que seja interessante confessar nossa vida, nossos enganos a outras pessoas, aos dirigentes religiosos. O nosso confiteor deve ser espontâneo e direcionado a nós mesmos, ao nosso eu profundo, nosso Self, nosso Cristo, ser que tem poder de ablução de nossa alma prisioneira!

Mesmo não sendo importante confessar aos outros, os caminhos se abrirão, portas não mais estarão fechadas e com certeza, convidaremos também às pessoas e à natureza a visitar o nosso confessionário pessoal.

Antecede à confissão o nosso real e profundo arrependimento. Não tem como ser diferente, caso contrário não haveria o mea-culpa, mea-culpa, mea-culpa...

Mas, de que devemos confessar? Que tipos de falta cometeríamos, se somos todos inocentes, a partir da inocência nas atitudes?

Com inocência ou não, nós interferimos, devemo-nos confessar. Algo foi desequilibrado, algo perdeu o ritmo natural.

Interferência na vida dos outros, da natureza, sem permissão é um dos enganos que mais vemos por aí, em diversos matizes, o que provoca desenhos sem figuras.

A interferência nos proíbe a nós mesmos rompermos o nosso casulo. Proíbe-nos de voejar livremente pelo espaço, após o lindo milagre da borboleta!

Não somente nossas atitudes intencionais ou não intencionais desarmonizam. Nossas omissões de cada dia também provocam desconforto em todos. É muito lamentável uma pessoa sentir-se invisível, é muito triste tampar nossos ouvidos ou nossos olhos somente para mostrar que não disse não a alguma mão estendida...

Todos nós sabemos que não é fácil confessar. Confessar requer audácia, renúncia, requer humildade, quebra do orgulho, requer também a deposição das armas. Confissão é como uma chave que aparece na prisão, chegamos a perder o ar, chegamos a suspirar, sabendo que estas mesmas chaves mais parecem com um par de asas...

Caro buscador das verdades eternas, a confissão espontânea e profunda lava nossas almas, acontecendo uma verdadeira purificação em todos os nossos sentimentos e pensamentos. Ela quebra as algemas, ela retira os vira-mundos que nos impede de caminhar!

Este difícil e sagrado ato abre as comportas de águas represadas que deixaram de circular. Precisamos voltar a viver, necessitamos sentir a sístole e a diástole no pulsar da vida, no movimento do amor que impermeia tudo e todos, numa mágica divina.

Quantas desculpas ainda teremos que pedir!

Recitar nosso confiteor é o desabafo de nossa alma, é o clamor por uma revolução em sua vida. Você nunca mais será a mesma pessoa depois que deixar seus joelhos beijarem a Terra, deixar suas mãos postas e sua alma cantando namastê, em forma de mãos estendidas, de guardas abaixadas...

Como é maravilhoso participar do sagrado, como é sublime nós ficarmos em nosso coração e no coração de todos, cantando...

Confiteor Deo omnipotenti...

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