domingo, 25 de setembro de 2011

Cicatrizes

Não há coroa sem cruz.


Sempre os arranhões e as cicatrizes em nosso corpo ou em nossa alma antecedem a coroa que ganhamos da vida, em forma de medalhas por bravura no campo, onde o bom combate é travado a todo instante.

Nós ainda não somos seres perfeitos e não estamos prontos, temos um ego em tratamento cirúrgico. Estamos sujeitos a todas as vicissitudes da vida, estamos sujeitos a acertar, a errar, a receber prêmios, a receber um ramalhete de espinhos, estamos sujeitos a todos os estigmas dos que passaram por esta estrada.

É muito fácil subir nos altares e discursar bem alto loas e mais loas, ora criticando ou mostrando caminhos, ora sugerindo mudanças de comportamento, mudanças que eles mesmos não seguem e nem praticam...

Precisamos aceitar e honrar nossas cicatrizes, elas se tornam suaves, bonitas, ficam bem leves quando vistas como troféus e não como derrotas!

Existem marcas, marcas profundas de difícil cicatrização em nosso ser em virtude de alguma ingratidão. As ingratidões são muito doloridas, principalmente quando acontecem em relação a alguém que amamos, alguém próximo de nosso coração. São dores finas, agudas, mais parecidas com punhais traiçoeiros a perfurar nossos sentimentos.

Como é triste, como é lamentável uma traição! A traição seja ela como se apresenta, quer seja conjugal, entre amigos, no âmbito profissional, no familiar, deixa feridas abertas por longo tempo. É a cicatrização mais difícil e demorada que existe. A perfídia é como abraçar a pessoa de costas, talvez por receio da troca dos olhares.

Perdas de todas as espécies nos incomodam, nos entristecem, nos causam desconforto, nos deixam lesões, deixam feridas mais parecidas com a dor suprema. Perdas de entes queridos, de um parceiro, de um emprego, perda da auto-estima em virtude de algum insucesso, o qual faz parte, pois viver não é somente colher louros em forma de glórias...

A perda mais dolorida é aquela que vive sempre em chaga viva, aquela que nunca cicatriza, a perda mais dolorida é quando perdemos nossa capacidade de sonhar. Morremos antes de morrer!

O universo de espinhos que nos arranham é muito grande. Universo em forma de desencontros nos encontros, em forma de decepções, cicatrizes em decorrência de nossos encontros nebulosos em momentos passados ou mesmo em vidas pretéritas. São marcas que estamos carregando, muitas delas curvam nosso corpo, forçando-nos a olhar para o chão, baixando nossa estima ao nível dos nossos pés...

Felizes das pessoas que carregam cicatrizes, marcas em seu corpo, marcas em sua alma, pois somente as almas guerreiras possuem estes troféus, insígnias conquistadas em embates muitas vezes amargos e desesperadores.

Somente merece o pódio quem viveu nas arenas da vida!

Você pode estar uma pessoa rica ou pobre, pode estar uma pessoa bonita ou menos bonita, branca ou negra, não tem como você sair ilesa, sem arranhaduras, sem cicatrizes desta viagem em que você está empreendendo, neste momento.

Buscadores das verdades eternas, precisamos ser valentes, ser audaciosos, necessitamos continuar nossa luta, nossa batalha do dia-a-dia, em busca de soluções, em busca da somatização de nossos sonhos. Esqueçam as cicatrizes. Elas sempre vão existir na alma dos guerreiros, na alma dos vencedores.

Precisamos nos despir, desnudar, tirar as burcas, os véus, as vendas, as túnicas, precisamos mostrar ao mundo as marcas dos combatentes. O melhor ensinamento é o nosso próprio exemplo de conduta.

Até parece que as cicatrizes têm vida própria: as pessoas, alguns acontecimentos falam conosco a todo o momento por intermédio destas marcas que carregamos. São companheiras de caminhada.

Não existem cicatrizes feias nem bonitas. São apenas estigmas que ficaram como lembranças, porém existe uma que merece nossa atenção pela beleza, pela cor, pelo significado sagrado: são aquelas que surgiram em nosso corpo ou em nossa alma em virtude do socorro que prestamos à humanidade, em algum momento. Ser altruísta deve ser um perfil do combatente. Para sermos bons precisamos ser corajosos, audaciosos...

O verdadeiro guerreiro não reclama, ele luta. Ele não se importa com os arranhões, com machucados, com as feridas abertas, com as cicatrizes... tudo isto está bem abaixo da bandeira que tremula em forma de ideais.

Se vocês não derem tanta atenção às cicatrizes, se vocês as observarem, apenas observarem, verão que todas elas têm o formato e o brilho das mais belas medalhas de honra.

Ao ter medos, medo de amar, medo de viver, receio de se ferir, receio de errar, vocês não provarão a vida, não sentirão como é gostoso os ventos das adversidades e das turbulências, não conhecerão o sabor de uma conquista, vocês passaram pela vida e não viveram, não amaram...

Seja qualquer for o desafio, nunca desistam de seus sonhos. Não preocupem com os eventuais machucados, chagas e cicatrizes. Sejam mais insistentes em relação aos seus projetos de vidas. Não peçam, não peçam nada.

Conquistem!

Caros companheiros das verdades eternas, quando vocês estiverem em pleno campo de batalha, lutando por um melhor espaço em suas vidas, por um grande amor, por um bom emprego, pela saúde e, de repente, sentirem enfraquecidos, desanimados, lembrem-se que sempre acontece o Sol logo após a maior escuridão da noite...

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