quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Um enfoque sobre doação

Nesta semana, fiz pontes com uma pessoa de Blumenau, esotérica e cientista, cambiando idéias sobre o aspecto caridade.

Iniciamos o assunto, focando um acontecimento real, ou seja: o lagarto após adulto procura um lugar silencioso e meio penumbra. Em poucos dias, ele constrói sua casinha, o casulo, onde passa a morar. Após algum tempo, em processo de transformação, faz um buraquinho no casulo e começa o grande desafio: sair, libertar-se, tornar-se uma borboleta.

Acontece que este esforço, para ele, é gigantesco, o que vale a pena! Ele consegue se metamorfosear em uma bela borboleta e conseqüentemente alcança a grande somatização de seu sonho: voar, mostrar sua beleza, beleza não possuída enquanto rastejava!

Sempre afirmamos que a morte é poética: não existe borboleta sem o desaparecimento da lagarta!

Algumas pessoas, com o intuito de ajudar, de fazer caridade, pegam uma tesourinha e começam a cortar pedacinhos do casulo, achando que estão ajudando a futura borboleta. Claro, a borboleta sairá, sairá meio morta, sem forças, sem brilho. Será apenas uma crisálida desfalecida. Ela não conseguirá a tão almejada beleza nem a liberdade.

Aquele esforço de sair do casulo, além de aumentar a musculatura das asas, aumenta a vontade pelo esforço ou o esforço pela vontade. Acontece o milagre: uma mini expansão de consciência, acontece uma borboleta!

O mestre Jesus há pouco mais de dois mil anos disse: fora da caridade não há salvação. Claro, todos os pronunciamentos filosóficos, ensinamentos monásticos foram oferecidos por ele em forma simbólica e muitas vezes velada, para poder perpetuar na caminhada sobre cinzas, sobre o tempo histórico.

Neste divisor de águas, fizemos um parâmetro entre a real vida do lagarto e da borboleta e o ensinamento de Jesus, de onde acontece a grande dúvida: ajudar ou não.

Ante ao impasse, doação ou não doação, acirramos nosso debate, mais parecido com um embate, mesmo surgindo contradições, contestações e dúvidas. Os ânimos paulatinamente foram serenando e uma vela acesa no final do túnel foi vista: como por milagre, esta chama nos alertou sobre que não devemos procurar respostas de conhecimentos e conflitos filosóficos ou teosóficos na mente.

Buscamos o coração. Com audácia, fomos além do coração...

Como o coração é lindo! Deixa de ser telúrico, passa a ser uma bandeja de aquarela viva. É ali que o destino se dissolve no infinito!

Chuvas de informações começaram a chegar: devemos a todo instante observar os sinais que nos chegam. Chegam milhões de rastros por dia em nosso cotidiano. Precisamos despertar, precisamos sair da estagnância, sair deste sono e passar a observar os sinais do universo, observar as sincronicidades. Somente assim, teremos o discernimento da prática da doação.

De forma alguma, devemos interferir no trabalho do universo junto ao processo do casulo. Este trabalho não nos pertence. Neste caso específico, podemos apenas enviar ao lagarto mensagens de paciência, perseverança e esperança. Tão logo for possível, sejamos os parteiros, estendendo nossas mãos à nascitura borboleta!

Dentro dos sinais e dos rastros do universo que passaremos a observar, seremos chamados a colaborar com as pessoas, com a natureza, com os animais.

Sinais que estão sempre nos convidando a doar, doar, doar...

Não podemos ser as mães. Compete a elas parir. Competem a elas as dores, dores tão sagradas! Compete a nós, sermos apenas parteiros...

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